05/07/2024 18:00
A Associação Empresarial de Paços de Ferreira apresentou o projeto IMobDEC – Descarbonização do Setor do Mobiliário numa sessão realizada no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões. A entidade encontra-se a promover esta iniciativa no âmbito dos Roteiros de Descarbonização da Indústria, do Programa de Recuperação e Resiliência e convidou várias entidades para mostrar as melhores práticas. A Sociedade Comercial C. Santos mostrou a evolução do setor automóvel.
A apresentação da Sociedade Comercial C. Santos, a cargo do relações públicas da empresa, Aquiles Pinto, fez uma panorâmica o caminho que o Mercedes-Benz Group, de que a empresa é concessionário oficial, e toda a indústria automóvel fez e está a fazer pela descarbonização do planeta. “Os automóveis ligeiros (passageiros e mercadorias) representam 19% do total de emissões de CO2 na União Europeia. Esse peso já foi maior e vai continuar a cair”, referiu.
Com metas mais rigorosas em vigor desde 2020, as emissões médias de CO2 dos automóveis ligeiros novos matriculados na Europa caíram, entre 2019 e 2022, 27% nos ligeiros de passageiros e 10% nos comerciais ligeiros. “O principal impulsionador desta diminuição das emissões é o aumento da venda de veículos zero emissões na União Europeia”, de acordo com Aquiles Pinto. Segundo os dados da ACEA – Associação dos Construtores Europeus de Automóveis, em 2022 (face a 2021) a quota de mercado de veículos zero emissões cresceu 13,4% em termos de automóveis novos e 6% nos comerciais de comerciais ligeiros.
O cenário de eletrificação em Portugal é ainda mais notório. Os dados a ACAP – Associação Automóvel de Portugal revelam que as energias alternativas representaram mais de 50% das vendas de automóveis ligeiros de passageiros em Portugal de janeiro a maio de 2024, dos quais 44,6% eletrificados – elétricos a bateria (BEV), híbridos (HEV) e híbridos plug-in (PHEV). Nos veículos comerciais ligeiros a quota de eletrificados (BEV, HEV e PHEV) em Portugal é de 8,2%
A Mercedes-Benz supera a tendência. Dos 7182 automóveis da marca matriculados em Portugal até maio, 4323 (60,2%) eram veículos de passageiros eletrificados (45% PHEV e 15% BEV). Naturalmente que para este crescimento é muito importante o regime fiscal aplicado a este tipo de viaturas, sobretudo nas frotas empresariais.
Descarbonização de toda a cadeia de valor
Trata-se, de acordo com Aquiles Pinto, um esforço de várias marcas automóveis e um caminho feito não só no alinhamento de produtos, mas também em toda a cadeia produtiva. O relações públicas da Sociedade Comercial C. Santos deu como exemplo a estratégia Ambition 2039, com a qual o Mercedes-Benz Group pretende tornar toda a cadeia de valor (automóveis, produção e logística) neutra em carbono até àquele ano. “Em 2023, o construtor conseguiu uma redução emissões de carbono durante o ciclo de vida para 46,3 toneladas por veículo, um número que compara com 49,7 toneladas por veículo em 2020. As próximas gerações de modelos irão acelerar significativamente este processo”, afirmou o relações públicas do concessionário Mercedes-Benz e smart à plateia de convidados da AEPF - Associação Empresarial de Paços de Ferreira presente no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.
Metas muito exigente para o setor
O caminho de todo o setor automóvel na Europa rumo à descarbonização é uma estrada com inversão de marcha proibida. De facto, Bruxelas tem objetivos muito restritos em termos de emissões médias de CO2 dos automóveis ligeiros novos: A meta (atual) entre 2025 e 2209 é 93,6 g/km nos ligeiros de passageiros e 153,9 g/km nos ligeiros de mercadorias. No quadriénio 2030-34, os limites são reduzidos para 49,5 g/km nos ligeiros de passageiros e 90,6 g/km nos ligeiros de mercadorias. Para 2035 o objetivo presente (que ainda carece de aprovação definitiva) é ainda mais restrito e é de zero emissões em todos os automóveis ligeiros matriculados.
Todos os meios de transporte importam
Aquiles Pinto chamou à atenção para a necessidade de o esforço de descarbonização “ser dividido por vários setores de atividade e, mesmo dentro dos transportes, nos vários modos, como o aéreo e o marítimo”. No caso do transporte aéreo, a mesma fonte salienta que, de acordo com a Transport & Environment, os cinco maiores aeroportos da Europa (Heathrow, Charles de Gaulle, Frankfurt, Schiphol e Barajas) emitiam, em 2021, em conjunto, mais de 53 milhões de toneladas de CO2 por ano só com aviões de passageiros. Trata-se de um valor superior às emissões totais de países como Portugal (50,1 milhões de toneladas) ou a Suécia (44,7 milhões toneladas de CO2).
“Também os navios, nas suas várias tipologias, são um problema”. O relações públicas da Sociedade Comercial C. Santos cita uma análise da Universidade de Exeter (Reino Unido), que revela que um navio de cruzeiros grande gera mais emissões de carbono do que 12 mil automóveis.
Toda as empresas contam
Todos os meios de transporte contam, assim como todas as empresas. Aquiles Pinto deu o exemplo do “contributo, à sua escala, da Sociedade Comercial C. Santos”, desde 1946, ano em que a empresa foi fundada. O novo showroom da empresa, aberto em novembro de 2022, tem um sistema fotovoltaico constituído por 685 módulos com 1411 m2.
Este sistema de painéis solares permite que o edifício seja autossuficiente (com fonte renovável) em termos energéticos durante parte do ano. Isso estende-se aos 21 carregadores de automóveis elétricos e híbridos plug-in instalados. De referir que cerca de 70% das viaturas de serviço e demonstração da Sociedade Comercial C. Santos são eletrificadas (45% BEV e 25% PHEV).
A preocupação da Sociedade Comercial C. Santos vai muito além do novo edifício e abrange várias áreas essenciais ao funcionamento diário da empresa. É o caso do túnel de lavagem de viaturas, por onde passam cerca de 130 viaturas todos os dias. O sistema trata e recicla cerca de 80% da água que é utilizada no túnel de lavagem. O equipamento tem capacidade para tratar cerca de 30 mil litros de água por hora, água que é depois reutilizada nas lavagens seguintes.
“A Sociedade Comercial C. Santos faz um esforço pela descarbonização. Mas incomparável com o que o Mercedes-Benz Group e toda a indústria automóvel faz”, remata a mesma fonte.